A minha vida é presente de Deus para mim e o que eu faço dela é o meu presente para Deus. Eu li este pensamento e gostei muito, além do mesmo tocar-me profundamente.

Todos os dias eu preciso decidir de que forma vou viver . Se eu tenho muitas atividades para executar, é melhor que eu as desempenhe com boa vontade, esmero, ânimo, amor e alegria. As vezes reclamamos porque as tarefas são rotineiras. Deus gosta de rotina, caso contrário, ele teria feito cada ressurgir do sol de uma cor. Um dia o sol seria vermelho, outro dia verde, roxo, violeta, vermelho, etc. A natureza obedece um programa organizado que o Criador determinou. Os rios seguem o mesmo percurso, as flores desabrocham na mesma estação e assim acontece também com os frutos. As estrelas aparecem no céu sempre no mesmo horário. O dia começa e termina para a noite iniciar sempre na mesma hora. Os animais têm o tempo certo para gerar e parir seus filhotes, como assim os seres humanos. Se o grandioso Deus, autor e preservador de todas as coisas é muito bem organizado e conserva a rotina com zelo e precisão, por que eu não farei o mesmo?

Amy Carmichael , a grande missionária na India falou: “Não podemos controlar o que as pessoas fazem para nós, mas podemos controlar a nossa reação ao que elas fazem”. Quando eu recebo uma palavra ferina ou alguém faz algo que me machuca e mancha a minha imagem é desolador para a minha alma, mas só depende de mim se vou perdoar e abandonar as mágoas, o ressentimento e a auto comiseração ou se vou definhar aos poucos, carregando sentimento com desejo de vingança e amargura no coração.

Eu decido vencer a irritação, a ira e tantas outras coisas que são prejudiciais e atrapalham a minha vida, enlaçando-me e impedindo-me de ter vida abundante e triunfante com Cristo. Sou eu que decido se vou ter domínio próprio para deixar maus hábitos e praticar o que é correto. Deus falou para Caim: “Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. ( Gênesis 4:6,7 ). O Senhor nos ajude sempre vencer todo mal em vez de sermos dominados. Fomos chamados para sermos mais que vencedores.
Força do Senhor
Marina de Oliveira
Composição: Rodrigo Claro
Tem dias que parece que é tão difícil crer
Meus olhos não conseguem perceber
Que vai valer a pena resistir, até o fim…
Na vida há momentos
Que nos levam a olhar pra trás
E parece que as barreiras e a dor
São bem mais fortes do que eu posso crer
Mas eu sei,
Eu sei que o remédio para mim é me entregar
Que o lugar da minha vida é o teu altar
E é lá que vou sarar meu coração
Onde irei? se tudo que eu preciso está em ti
Se apesar da minha dor, em frente eu vou seguir
Eu não vou olhar pra trás
Não vou parar de adorar
Eu não vou parar de clamar
Pois a força do senhor
Vem em meio ao meu clamor
A letra desta magnífica música se casou muito bem com a leitura do livro de Oswald Chambers que fala das profundidades dos “poços” que existem dentro de nós. Será que temos empobrecido o ministério de Jesus a tal ponto que ele nada possa fazer? A mulher samaritana falou para Jesus, quando ele lhe ofereceu água: “Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?” A melhor água era a do fundo do poço e aquela mulher achou que Jesus não era capaz de retirar a água lá do fundo e ela não sabia que Jesus é a própria água que sacia a sede da nossa alma e nos dá a salvação.
Quantos poços profundos nós enfrentamos! Suponhamos que haja em em nosso coração um profundíssimo poço de perturbação, e Jesus chega e diz: “Não se turbe o vosso coração”; e aí então nós respondemos: “Mas, Senhor, o poço é fundo; estou perdendo as minhas forças e esperança, tu não podes tirar de mim serenidade e consolo.” Jesus os trará lá de cima. Ele não tira coisa alguma dos poços da natureza humana. Cremos em Jesus Cristo como o Consolador ou como o Senhor compassivo, mas não como o Todo-Poderoso.
Nós empobrecemos o ministério de Jesus quando, em grandes dificuldades, dizemos: “Claro que ele não pode fazer nada”, e lutamos para atingir o fundo do poço na tentativa de tirar a água nós mesmos.
Tenhamos cuidado para não desanimar e desistir tão cedo. Se olharmos para Jesus, tudo será possível. O poço de nossa imperfeição é muito profundo, mas não desistamos, e busquemos ao Senhor. Somente ele entrará em nossos poços e nos dará a vitória total.
No final de 1981 eu terminei o magistério, antigo normal. Estava decidida a ingressar no Seminário, mas agora eu não iria sozinha, e sim acompanhada do meu futuro esposo.

Casei no civil na quinta-feira e no sábado na nossa igreja em uma cerimônia bem singela, celebrada pelo meu avô e pastor. As quatro damas de honra entraram com vestido azul-claro e a Bíblia aberta. Minha irmã Izabel era uma das damas ,que por sinal estava muito bonita. Meu irmão caçula participou ativamente, porém ele estava triste porque nós dois éramos muito apegados e agora eu iria deixá-lo para morar bem longe. A Zanginha, como ele me chama, não contaria mais histórias bíblicas para ele...


Parecia que o nosso casamento era impossível, pois não tínhamos sustento financeiro e muitos nos criticaram, achando que estávamos cometendo uma grande imprudência. Nunca nos arrependemos porque temos certeza do chamado de Deus para nós e plena convicção do nosso amor. Enfrentamos dificuldades com fé, esperança e perseverança.

Chegamos ao seminário em Anápolis-GO para estudarmos em fevereiro de 1982. O clima era muito frio e os costumes eram diferentes. Por três anos vivemos sem salário e jamais nos faltou o essencial. A nossa igreja de Crateús-CE pagava os nossos estudos.

No dia 28 de março de 1983 eu constatei que estava grávida, depois de ir ao Hospital Evangélico e consultar-me com o Dr. Édimo. Mais uma vez fomos criticados por não esperarmos para ter filho depois que saíssemos do seminário. Era algo fenomenal saber que eu carregava no meu ventre uma pequena e linda craiaturinha que dependia totalmente de mim. O seu coraçãozinho batia forte e eu podia ouvi-lo quando fazia as visitas rotineiras ao médico. Não fiz ultrasonografia. Somente no dia 29 de outubro de 1983 a nossa curiosidade foi satisfeita com o nascimento da nossa querida Quézia, cujo nome significa planta aromática. É isso que ela foi e é para nós. Um perfume que alegra as nossa vidas.
Nestes últimos dias tem chovido bastante e o mais interessante é que o sol está bem forte, aí de repente o tempo muda e cai aquele aguaceiro ou então logo após a chuva desponta o sol encandescente. Jeremias 10:13 nos diz: “Ao som do seu trovão, as águas no céu rugem, e formam-se nuvens desde os confins da terra. Ele faz os relâmpagos para a chuva e dos seus depósitos faz sair o vento.” Deus é soberano e faz o que ele quer fazer, sem consultar a ninguém e nenhum ser humano ou ser celeste ou maligno pode impedi-lo.

Muitas pessoas colocam culpa em Deus por seus fracassos e decepções. Nós afirmamos que o Senhor Deus está no controle de tudo, mas muitas vezes nos omitimos e até negligenciamos algo que deveria ser feito e desta forma a culpa é toda nossa. Por exemplo, se eu me alimento inadequadamente e não faço exercícios físicos vou ficar acima do peso e com doenças como colesterol alto, diabetes, obesidade, etc. Alguém pode dizer que está em um emprego pesado e ganhando pouco porque Deus quer, mas na realidade é porque não preparou-se estudando mais e pagando um preço especial para alcançar algo superior. Na área espiritual não é diferente. Se não lemos a Bíblia e não meditamos nela nem oramos, como é que vamos crescer e nos fortalecer?

Certo dia fui lavar roupa e dez minutos depois que tinha aberto a torneira, percebi que a água caiu toda fora. Fiquei com muita raiva e falei: “Graças a Deus por isso”! No mesmo instante senti Deus me corrigindo: “Graças a Deus, não! Graças ao seu descuido e distração por não ter conectado a mangueira na máquina”. Não tive outra escolha, a não ser acatar aquela palavra e compreender que aquilo que eu posso fazer, o Senhor não fará por mim e das próximas vezes serei mais atenciosa.
A minha avó paterna eu não conheci, pois quando ela faleceu eu ainda era bebê. O meu avô, pai do meu pai era um amor de pessoa. O meu querido Pai Rosa, um curtidor de couro que fabricava alpercatas e cintos, dentre outras coisas. José Rosa de Souza sempre tinha uma palavra certa nos lábios. Contava histórias, piadas e fazia seus repentes com rimas e poesias.

Na minha adolescência eu lia a Bíblia e ele jamais se cansava de ouvir. Se eu lesse quatro capítulos, ele queria cinco e assim sucessivamente. Meu amado Pai Rosa morreu em farta velhice e com plena convicção de que era salvo pelo nosso Senhor Jesus Cristo.

Eu era criança em tenra idade e ia junto com a minha tia Licinha para a casa da Mãe Aninha no Sítio São Félix onde ela morava junto com a tia Tonha. Mãe Aninha era minha bisavó, mãe da minha avó materna. As comidas dela eram muito gostosas. É impossível esquecer o arroz com colorau e o pirãozinho de carne ou galinha.
Lembro o dia que mamãe recebeu uma carta que anunciava a sua morte. Mamãe chorou consternada. Ela guardou por muito tempo uma blusa branca bordada da minha bisavó.

O nome de minha avó materna é Raimunda Rodrigues da Silva. Eu a chamo de Mainha. Ela realmente foi a minha segunda mãe. Morei com ela por um tempo. Mainha ensinou-me as Santas Escrituras como Lóide ensinou a Timóteo e o mesmo que Paulo disse eu posso afirmar a seu respeito que ela tinha uma fé sem fingimento. 2 Timóteo 1:5. Mainha recebeu pacientemente os trezentos versículos que eu decorei para participar de um acampamento. Minha avó foi minha professora na Escola Bíblica dominical por vários anos. Ela ensinava belas músicas e contava histórias fantásticas e deslumbrantes.Foi minha conselheira no tempo de juvenil e de jovem.

O nome do meu avô materno é Lourenço Linhares da Silva. Eu o chamo de Pai Linhares. Ele ia nos visitar na casinha do São Gonçalo. Está gravada em minha memória o seu perfil: Alvo, alto e um porte que causava boa impressão. Usava óculos e uma regatinha branca de malha por baixo das camisas. Eu o achava muito falante e sabido. Pai Linhares como um bom pastor evangélico fazia cultos ao ar livre em diversas localidades. Eu me recordo dele pastoreando em Guaraciaba e em Crateús. Foi Pai Linhares que fez o meu batismo, meu aniversário de quinze anos, e o meu casamento. Ele estava presente na minha colação de grau do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Quando meu esposo e eu viemos embora para o seminário, ele veio junto e participou do culto de abertura das nossas aulas. Seu plano era que nós fossemos seus sucessores no pastorado, mas isso não aconteceu. Adilson Lopes em sua linda composição, esclarece:

Deus tem um plano em cada criatura
Aos astros Ele dá o céu
A cada rio, Ele dá um leito
E um caminho para mim traçou.

A minha vida, eu entrego a Ti
Pois o Seu Filho a entregou por mim,
Não me importa onde for, seguirei meu Senhor.
Sobre terra ou mar, onde Deus mandar, irei.
O Salmo 90:12 diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio” e o Salmo 139:16 declara que Deus escreveu cada um dos meus dias: “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda”.

Continuarei escrevendo sobre a minha vida. Fatos que pareciam esquecidos reviveram e coisas do cotidiano que parecem ser insignificantes para alguns, para mim é de extrema importância.

Foi altamente enriquecedor e prazeroso eu sair de casa as 6:12 horas para fazer caminhada. Caminhei uns 8 quilômetros e foi simplesmente extraordinário. Sim, literalmente, pois fugiu do habitual e do corriqueiro.

Enquanto caminhava fui observando algumas coisas. As pessoas trabalhando, lutando pela sobrevivência. Eu vi um velhinho com uma banquinha, vendendo salgados e outros tipos de lanche. Mulheres lavando locais de trabalho. Achei interessante um rapaz lavando os carros em uma concessionária. Quando os clientes chegassem, tudo estaria limpinho, mas ninguém pensa que alguma pessoa pagou um preço alto por aquilo. Nada acontece por acaso. Os ônibus estavam super-lotados e eu fiquei com dó das pessoas lá dentro, umas em cima das outras. Que vida difícil! Mas é melhor assim que estar desempregado e viver na ociosidade.

Quando eu já estava regressando para a minha casa, senti a forte inclinação para entrar em uma viela e obedecendo a minha intuição fui andando. Encontrei-me com uma mulher grávida com os pés descalços e com semblante muito perturbado. Eu perguntei qual era a data do nascimento do bebê e em seguida falei-lhe sobre o amor de Jesus Cristo. Eu disse a ela que Jesus morreu por ela, que ele está vivo e que ela precisava assumir um compromisso, entregar-se totalmente a Deus, pois todos dizem que acreditam, mas não obedecem. O nome dela era Ana e eu contei a história bíblica de Ana para ela. Indaguei-lhe se aceitava eu fazer uma oração e ela não quis. Fiquei pensando o quanto o satanás escraviza as pessoas. Mais na frente conversei com outra mulher de nome Maria.

Dei uma parada no Super-Mercado. Pensei no que eu tinha falado para o meu esposo no dia anterior a respeito do nosso dinheiro que está parecendo o azeite na botija da viúva de Sarepta (1 Reis 1Reis 17:14 ) e a farinha da panela, os quais Deus prometeu que não acabariam até o dia que chovesse sobre a terra. O meu Deus segundo a sua riqueza em glória nos suprirá todas as coisas. O Senhor é o nosso Pastor e nada nos faltará. "Eu sou pobre e necessitado,mas o Senhor cuida de mim". Sl 40;17.
A minha primeira rosa foi gerada no meu tempo de seminarista, junto com o meu esposo. Este fato inusitado, um dos mais marcantes da minha vida, aconteceu em uma época que nós vivíamos como afirma o Apóstolo Paulo em 2 Coríntios 6:10 “Entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo”. Não tínhamos um centavo, mas o enxoval da nossa filha foi o melhor possível. Ganhamos tantas coisas que sobrou para as outras duas rosas. Deus é fiel e podemos confirmar isso quando Ele supre cada uma das nossas necessidades.





Aos vinte e três anos a nossa rosa saiu do nosso jardim para formar outro, junto com o seu esposo Geovâne. A sua lacuna inegável jamais será preenchida, mas nos alegramos,

pois ela está prosseguindo a sua vida com o homem que ama e escolheu e assim reciprocamente.



A minha segunda rosa desabrochou no nosso primeiro campo de trabalho. Morávamos em um lugar onde a natureza era farta. Árvores, flores e frutos não faltavam, como também rios e córregos embalados pelos sonoros cânticos dos pássaros. Foi neste cenário esplendoroso que nasceu a nossa formosa, imponente e incomparável Abigail.



Ela é amante das artes e designer de interiores. Sabe, de forma peculiar, decorar ambientes e preparar uma festa. Tudo o que estiver relacionado com beleza e estética é só pedir a opinião da minha rosinha, que certamente ela terá uma resposta satisfatória.



A minha terceira rosa também foi gerada em um tempo difícil, um campo precário, onde nós tivemos que aprender a viver contentes em toda e qualquer situação e agradecidos.



Renira teve alguns problemas de saúde na infância, mas superou tudo. Ela é meiga e doce. Quem está ao seu lado, jamais vai sentir-se mal, pois ela é alegria pura em pessoa.



Minha terceirinha e linda rosa ausentou-se de mim por sete meses quando foi estudar, morando na casa do meu irmão. Foi duro demais esta nossa separação. Eu chorava e sofria, mas tudo passou e ela voltou para o convívio familiar do seu jardim de origem.



Agradeço muito a Deus pelas minhas três filhas. Elas são uma dádiva preciosa que não se compara a nenhuma riqueza deste mundo. Para mim elas são as mais encantadoras rosas e o perfume delas é único e exclusivo, jamais encontrarei outro igual.
CONSOLO
Naqueles dias de coração machucado eu aprendi uma música, quando fui passear na casa dos meus pais e Deus através desta música consolou-me e animou-me imensamente. Quase diariamente penso nesta linda poesia e cada dia tem se tornado uma realidade na minha vida.
MESA DO REI

Autora: Tângela Vieira
Cantora: Antonia Gomes
Disseram que eu não ía conseguir,
Disseram que os meus sonhos acabaram alí,
Quando os meus pés se quebraram, me zombaram, me criticaram...
Me mandaram para a terra deLodebá,
Terra que se chamava esquecimento,
E naquele lugar sozinho fiquei, humilhado, desamparado...
Mas no coração havia uma esperança,
O rei prometeu, não se esquecer de mim,
Eu sei que esse dia vai chegar e a carruagem do rei,
Na cidade vou ver entrar, pra me buscar...
Eu vou me assentar, á mesa do rei!
Eu vou comer, na mesa do rei!
E todos que me humilharam vão me ver alí,
E vão ter que saber que fui convidado sim...
Eu vou receber as terras que perdi,
E todos os tesouros que meu pai deixou,
Quando na batalha teve que lutar e a sua vida foi levada,
É assim quando Deus promete,
O tempo pode passar, mas de você não se esquece!!!
Mas no coração havia uma esperança,
O rei prometeu, não se esquecer de mim,
Eu sei que esse dia vai chegar e a carruagem do rei,
Na cidade vou ver entrar, pra me buscar...

No dia 2 de novembro do mesmo ano começamos a Comunidade do Caminho no Parque Mãe Bonifácia em uma linda manhã com a presença de dezesseis pessoas.
Hoje somos um grupo feliz e unido que proclama e vive o amor de Jesus Cristo. Cada dia estamos mais próximos e procurando fazer tudo na direção de Deus, com calma e não precipitando em nada. O meu esposo está com muita serenidade e liberdade. Ele diz que em toda a vida dele nunca sentiu-se tão livre. Eu também me sinto desta forma.
A Comunidade do Caminho para nós é motivo de gratidão ao nosso Senhor Deus.
CUIABÀ



No dia 6 de maio de 1989, uma manhã muito fria, chegamos em Cuiabá, com as nossas três filhas: A mais velha com cinco anos, a segunda com três anos e a caçulinha com um ano de idade.

Começamos a pastorear a pequena igreja que ficava no Bairro do Porto na Rua Feliciano Galdino 122. Por alguns anos ficamos por lá e em 1994 nos mudamos para o Bairro do Tijucal. Durante alguns meses moramos no CPA 1 e ajudávamos as duas igrejas.

Eu sempre fui ativa, ajudando no trabalho com as crianças, ensinando em Escola Dominical, Escola Bíblica de Férias, classes bíblicas nas ruas e liderando as professoras do Ministério Infantil. Auxiliei as mulheres e promovi diversas atividades entre elas. Constantemente eu estava ao lado do meu esposo para visitar os lares, ministrar estudos bíblicos para os irmãos da Igreja Cristã Evangélica Reencontro de Cuiabá. Fiz muito discipulado, usando o material de células que nós implantamos, após a realização dos grupos familiares. Por muitos anos fui líder do Ministério de Oração que foi criado e idealizado por mim. Com toda paixão e fervor eu dirigia à Igreja muitas preleções sobre oração, interseção, quebrantamento e avivamento. Também escrevi vários artigos no Info, o jornal mensal na sessão “Convite à oração”.

Vinte e um anos se passaram neste pastorado. Vimos crianças nascendo e crescendo, acompanhamos namoros e celebramos casamentos e também infelizmente participamos de velórios de pessoas amadas.

As filhas cresceram e muita coisa mudou. Já não éramos mais tão jovens e devido a desgastes diversos o meu esposo teve que afastar-se da igreja para um merecido descanso. Passamos uma semana na Casa da Esperança em Mondaí, Santa Catarina, uma casa especial para repouso, com terapias adequadas dirigidas por uma missionária alemã que desenvolve este trabalho com muito amor e desprendimento. A querida Lilo é aquele tipo de pessoa que irradia a presença de Deus e nós nos sentimos bem, apenas pelo fato de estar perto dela. Fomos até Curitiba, depois São Paulo e finalmente Goiás. Quando retornamos para reassumir a nossa igreja tudo estava diferente, e impossibilitados de continuarmos, a deixamos.
NOSSO PRIMEIRO CAMPO
Formamo-nos no seminário e logo fomos morar em uma fazenda que se chama Boca da Mata no Estado de Goiás. Pastoreávamos a igreja da fazenda e a da cidade de Goianira. O fusquinha amarelo era o nosso meio de transporte que muito nos ajudava.
Na Boca da Mata era muito bom. Nossa casa e nosso quintal eram enormes. Não precisávamos comprar leite nem frutas e verduras, a não ser algumas variedades. O frango e a carne também quase não comprávamos. Tudo se adquiria com mais facilidade. As duas congregações eram pequenas e amigáveis. Eles nos amavam muito.

Eu fiz algumas Escolas Bíblicas de Férias nas quais fomos muito bem sucedidos, com a freqüência de muitas crianças. Constantemente acompanhava meu esposo nas visitas.

Em março de 1985 descobri que estava grávida da minha segunda filha. Nós a chamamos de Abigail que significa “FONTE DE PRAZER”. No dia 23 de outubro nossa linda filha nasceu e fazendo jus ao seu nome nos trouxe muita alegria e cada dia com a sua personalidade firme e a sua criatividade aguçante tem nos concedido prazer.

Depois de um ano e onze meses nos mudamos para Barra do Garça no Estado do Mato Grosso. Fomos começar uma igreja. Lá era tudo o contrário de Boca da Mata. A casa era minúscula e passamos muitas privações financeiras. Acima de tudo estava o consolo de Deus que nos fazia sermos contentes em toda e qualquer situação.

Em junho de 1987 fiz um exame no Laboratório Central de Análises e Pesquisas Clínicas e pela terceira vez confirmei que estava grávida da nossa terceira filha que nós tínhamos certeza que seria um menino, o André ou o Marcos. Na minha última semana de gestação eu li uma revista Lar Cristão que continha um artigo de uma escritora chamada Renira Cirelli. Então eu decidi que se tivéssemos uma menina o seu nome seria Renira. Aconteceu exatamente isso. No dia 1 de fevereiro na Clínica São Camilo nasceu a nossa terceira e última filha. Renira é sinônimo de amabilidade, simpatia, sorriso e ternura.

Agradeço a Deus pelas minhas três rosas. São elas que perfumam minha vida cada dia.
Um rapazinho de temperamento muito introvertido recebeu dos seus vizinhos Eliel e Moisés um convite especial para comparecer no culto da Igreja Cristã Evangélica localizada na Rua Dr. Antonio Catunda 392 na modesta cidade de Crateús. Devido a timidez do jovem Antonio Francisco, ele foi para um circo que estava instalado perto da igreja, tendo em vista também que não tinha ninguém na porta do templo para recebê-lo. Inquieto voltou rapidamente do circo desta vez a minha tia Ana Lúcia encontrava-se na entrada e deu uma calorosa e alegre recepção para o moço.

Ao final da mensagem bíblica, quando o meu avô Lourenço Linhares perguntou quem queria entregar a sua vida para o Senhor Jesus Cristo, Tutuca, como era conhecido por todos, não exitou e levantou-se do banco para tomar a decisão mais importante da sua vida e que a transformaria cabal e absolutamente.

No instante em que eu vi o Tutuca senti que ele seria o meu namorado, pois eu estava orando por isso. Relutei um pouco com essa idéia, mas um mês e vinte e dois dias depois estávamos namorando. Ele foi meu primeiro namorado e eu fui sua primeira namorado, Ele com dezesseis anos e eu faltando trinta e quatro dias para ficar com a mesma idade dele. No dia do meu décimo sexto aniversário ele presenteou-me com um cartão no qual estava escrito: “Se você está feliz porque hoje é seu aniversário, estou feliz duas vezes; pelo seu aniversário e porque lhe amo.”

Depois de um ano e três meses o nosso namoro terminou e eu comecei a namorar com um rapaz de outra igreja e cidade. Ficamos sete meses separados, mas como bons amigos e trabalhando juntos na igreja. Com o reatamento do nosso namoro, percebemos que tudo o que aconteceu foi para o nosso bem, pois alguns erros que estavam causando frieza no nosso relacionamento foram consertados.

Eu tinha dois grandes desejos: o primeiro era conhecer mais a Deus e servi-lo fielmente e o segundo era permanecer toda a minha vida com o meu amado Tutuca e constituir com ele uma família e ter um lar cheio de amor. No dia 5 de dezembro de 1981 oficializamos o nosso noivado na área da minha casa em um indelével sábado
MINHA FÈ
Meus pais me ensinaram lindos cânticos de louvor a Deus e contaram belas histórias da Bíblia. A minha avó que eu chamava de Mainha me instruiu na palavra de Deus de forma bárbara, contando histórias bíblicas, usando o flanelógrafo e figuras coloridas. Mainha tinha um dom especial para ensinar crianças. Meu avô, o Pai Linhares era pastor e a foi com ele que aceitei Jesus como meu Salvador e fui batizada. Minha tia Mirian ensinou-me inesquecíveis histórias, dentre elas a do mexicano Samuelito.

Aos doze anos comecei ajudar a missionária Esther nas Escolas Bíblicas de Férias. Ela ensinou-me a trabalhar com crianças e assim segui os passos da minha avó. Dona Esther, uma americana e solteira muito dedicada, trabalhando pelo Sertão do Ceará bem cedo acreditou em mim e deu-me a oportunidade que eu aproveitei, desenvolvi e aperfeiçoei e me foi útil por toda a minha vida.

Aos quinze anos senti o chamado de Deus para a obra missionária em um culto ao redor de uma fogueira no Acampamento Maranata em Fortaleza. Foi o pastor Percy Belah que me aconselhou, após a sua mensagem.

Os jovens da nossa igreja eram muito animados. Fui líder deles por diversas vezes. Nós visitávamos o presídio, os hospitais e sempre estávamos juntos ajudando uns aos outros. Apresentávamos peças de natal e outras datas comemorativas.

Algo que foi muito marcante na minha infância foi participar de um acampamento por ter memorizado trezentos versículos bíblicos. O acampamento foi no Sítio Maranata em Messejana na linda Fortaleza no Estado do meu querido e inesquecível Ceará.

Tive o privilégio de participar de muitas Escolas Bíblicas de Férias onde escutava lindas histórias missionárias, das quais a mais marcante foi a do Peregrino. Aprendi um cântico que até hoje eu lembro:
De Moisés ouvimos na cestinha só
E da paciência do piedoso Jó
Jonas na baleia para Deus voltou
Noé na grande arca pela fé entrou.
MINHA INFÂNCIA

O trem ia se distanciando da estação e a minha mãe inclinada no ombro do meu pai derramava lágrimas de saudade e tristeza pelo afastamento que nós estávamos tendo, pois eu estava indo com a minha tia Mirian para estudar na casa dos meus avós em Guaraciaba do norte, Região serrana e fria do Ceará. Era natural que eu não me adaptasse tão bem aos estudos e fosse reprovada, afinal de contas eu tinha apenas seis anos de idade. Apesar do carinho e apoio dos meus avós e tias, não consegui bom êxito estudantil.

Quando voltei de Guaraciaba, minha mãe estava grávida do meu segundo irmão, o Rosivaldo. Foi preparado um enxoval todo azul e muito bonito. Há sete anos não tínhamos bebê em casa. Todos esperavam com euforia. Rosivaldo foi o xodó do papai, por ser homem e por ter ficado tanto tempo sem ter filhos. Menininho esperto e traquino era ele! Toda a sua energia foi requisito importante para moldar o caráter determinado, valente e altruista do homem que ele é hoje.

Em Crateús eu estudava no período vespertino no Grupo Escolar Lourenço Filho que depois passou a ser chamado de Escola Estadual de primeiro grau Lourenço Filho. Eu ia para a escola com minha saia azul-marinho de pregas com uma pequena fita vermelha e fivela na cintura. A blusa era de tricoline branco, sapatos colegiais pretos e meias brancas.


Sofri muitas críticas e preconceitos dos colegas, pelo fato de eu ser evangélica. Eu nunca revidava e algumas vezes voltava para casa humilhada e chorando.

No segundo semestre do meu terceiro ano meu pai escreveu uma carta para a diretora da escola, pedindo a minha transferência para a Escola Estadual de primeiro grau Lions Clube que era mais perto da nossa casa. O quarto ano foi com a D. Síria que já tinha sido minha professora no primeiro ano. Reconheço que não entendia muito bem as matérias. No quinto ano eu desabrochei! Entendia tudo com facilidade e só tirava notas boas. Era o início da adolescência e tudo era novidade e descobertas. Duas professoras marcaram minha vida para sempre. A Machadinha que ensinava Português e Estudos Sociais e a Joaninha que ensinava Matemática e Ciências.

Meu irmão Rogério e eu brincávamos de casinha, fazer comidinha, dirigir cultos evangélicos, onde ele era o pastor e eu era a esposa do pastor; sem saber estávamos preanunciando algo que anos depois tornou-se realidade.

Nós preparávamos bolinhos de terra com água e a tardinha quando voltávamos da escolinha da tia Valdivia verificávamos se os bolos estavam prontos. Claro que tinham secado com o sol causticante e quentura demasiada do nosso saudoso Ceará.

Os banhos no riacho e açude eram uma festa de alegria. Aproveitávamos quando mamãe ia para lavar roupa com outras mulheres ou as vezes simplesmente para banhar. Junto com os nossos primos aprontávamos muita algazarra. Tudo isso era muito bom, mas tinhamos que aproveitar ao máximo, pois era só no tempo da chuva, porque depois que as chuvas acabavam, restavam somente as cacimbas de onde as famílias tiravam água para garantir a sobrevivência.

MINHA MÃE

Antuzinha Linhares Bonfim nasceu no dia 24 de outubro de 1942. Teve uma infância dura, sendo criança de pouca idade precisava ajudar a  mãe nos afazeres domésticos e cuidar dos irmãos que nasciam um bem perto do outro.

Minha mãe sempre foi muito dinâmica e esperta e por isso conseguiu a sua independência financeira bem cedo. Na juventude foi professora. Depois que casou começou a costurar e dedicou-se a tal atividade por muito tempo. Comprava tecidos e roupas na capital do Ceará e vendia para uma clientela fiel de mulheres que foram conquistadas pelo seu carisma ímpar e vivacidade de espírito e inteligência.Mais tarde ela montou a Lojinha do Ceará na cidade de Inhumas, Estado de Goiás.

Foi mamãe que insistiu muito com papai para que nos mudássemos para a cidade de Crateús para que conseguíssemos estudar, já que no lugar em que morávamos no pequeno vilarejo de São Gonçalo, os estudos não eram suficientes para a nossa formação acadêmica.

Mamãe é  visionária,empreendedora e pró-ativa. Ela é uma mulher de fibras fortes e inquebráveis que foram tecidas ao longo dos anos, através de muito labor, perseverança, coragem, força de vontade e persistência.

Hoje posso entender um pouquinho do sofrimento que ela sentiu quando eu saí de casa no dia 21 de fevereiro de 1982, após uma semana de casada, quando eu e meu esposo partimos do Ceará para estudar no SETECEB – SEMINÁRIO TEOLÒGICO CRISTÃO EVANGÉLICO DO BRASIL em Anápolis-GO. Uma parte da letra da música “No dia em que eu saí de casa” da composição de Joel Marques e cantada por Zezé de Camargo e Luciano leva-me a lembrar desse dia e algumas vezes eu choro quando escuto essa música, porque agora eu sou mãe e posso compreender bem melhor a dor que minha mãe sentiu e talvez sinta até hoje e de forma mais intensa em  ocasiões esporádicas.

No dia em que eu saí de casa
Minha mãe me disse:
Filho, vem cá!
Passou a mão em meus cabelos
Olhou em meus olhos
Começou falar
Por onde você for eu sigo
Com meu pensamento
Sempre onde estiver
Em minhas orações
Eu vou pedir a Deus
Que ilumine os passos seus...
Eu sei que ela nunca compreendeu
Os meus motivos de sair de lá...

                                          MEU PAI
                             
Raimundo Rosa Bonfim nasceu no dia 7 de fevereiro de 1928. Ele teve uma infância muito difícil, tendo que ajudar o pai nos serviços de agricultura. Aos 18 anos Raimundo calçou o seu primeiro par de sapatos e começou a ser alfabetizado. Em três meses ele já lia e escrevia corretamente, sabendo para si e para ensinar a outros.

Meu pai é o meu herói. Ele é um homem íntegro e paciente, manso e moderado. Muito do meu caráter foi formado pela conduta e exemplo de sua vida. Papai sempre trabalhou bastante para garantir o sustento da família e para realizar-se como homem honesto e obediente a Deus. Trabalhou como comerciante e taxista. Fez curso de técnico de rádios e consertou muitos, como também os vendeu demasiadamente. Já em idade avançada, depois da aposentadoria trabalhou como taxista. Hoje com seus bem vividos oitenta e três anos, ele aprecia bastante o computador e está sempre ativo fazendo suas apostilas e estudos bíblicos. É um poeta nato e faz rimas com muita facilidade.

A primeira história da Bíblia que meu pai leu para mim foi a de Pedro afundando em alto mar, quando deixou de olhar para Jesus e o primeiro cântico que ele ensinou-me foi:
Plena paz gozo eu
Plena paz gozo eu
E seguindo a meu Jesus
Vou andando para o céu

Recordo com saudade das noites em que meu pai reunia a família e amigos para contar estórias de trancoso, piadas, anedotas e adivinhações, além de outras brincadeiras muito divertidas, como a faquinha:
- Tá aqui a faquinha que da roça ela vem.
-Ela tem ponta?
-Ponta ela tem.
Todos teriam que falar normal, sorrindo, gargalhando, chorando, gemendo e gaguejando. Tinha a sementinha, não diga não, Dona Joana, melancia e muitas outras. Tudo isso jamais será deletado da minha memória.